segunda-feira, 16 de julho de 2012



                                                   Acrílica sobre tela 1,50 x 1,85 cm

Sombras são a dublagem da luz

Por Marcelo Petrone (para a tela do Rodrigo)

Na garganta escura da noite
formam-se duas sombras…
Sombras são a dublagem da luz, tão mais pungentes, tão mais dramáticas…

Sombras do enlace de um corpo, adentrando outro corpo,
de massa de glóbulos negros
e morte

Nada resta imóvel,
nada resta intocado sob a onda do sangue, que bate.
Ela escreve em seu corpo como do sonho de um escriba ébrio,
em transe e já esquecido na encostas dos séculos.

Palavras embedidas em sangue vêm-lhe exorcisar a pele,
exorcisar-lhe a vida, presentear-lhe a morte.
O profano  é o novo sacro.
A condenada é a regente,
e ele, seu consorte.

dançar erógeno dos dedos ávidos, mas mortos,
remetem-lhe à morada onde nasce o medo,
onde a morte dorme, impávida, serena,
sem falha…

Os corvos trazem em suas asas o eco
de um silêncio que nunca se acaba…
Sua alma enxágua-se de sangue
e se rematerializa…

A voz de algo que atravessa os oceanos
desde há séculos e gargalhadas incompreensíveis
que se desfazem , que se desatam.
Embebedava-se de seu líquido, nutria-se de sua seivatãhumana, tão violada.

Falas congeladas nas páginas do tempo…
Fóssil vivo que perambula pelos contornos da alma
Uivos ao fundo condenam eternamente à ausência da luz.  

E a jarra de prata que jorra e jorra e jorra...



Um comentário:

  1. Que trabalho incrível , parabéns pela arte , pela qualidade , pelo amor !

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